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THIAGO BATISTA
( Pará )
É professor, poeta e fotógrafo, graduado em Letras Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (2016).
Pesquisador no CREAMAZÔNIA – Representações da Amazônia na Literatura, no Audiovisual e na Canção.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
além muros
um papel manchado de azul, longe,
um urubu inscreve seu negro-voo,
antevendo os cortes daquele dia.
ele sabe,
tendo findado o dia,
não seja apenas a barriga mole d´um peixe que estará aberta
sobre a tábua
fria...
... mais tarde talvez chova e as feridas se tornam charco.
e sob a mesma chuva.
e sob o mesmo olhar atento do urubu,
de dentro das feridas alagadas se ouvirão pisadas embevecidas
a salpicar suor
chorume e sangue, porque estarão dançando,
aliviados,
aqueles corpos cansados os sóis do meio-dia.
— prólogo
mais um dia amanhece a pesar os peixes, apesar dos mortes,
a pesar os porcos,
apesar dos mortos,
a pesar as aves
a velar os corpos,
apesar do cheiro nesta cidade.
digo, apesar de Max.
E nesta manhã que me nasce é Oxóssi.
mata
facho de luz na Floresta
a Vida se dizendo pelas frestas:
Mata
a loucura que te aflige
e faz roer pedras
com os dentes
Mata
a ânsia por ruminar passados
alimentando a acidez que te devora o esôfago
. e o verme que te perfura o estômago
assim, adentra o vasto verde da Floresta
e escuta
a Luz que reflete no Orvalho
a Raiz que se transforma em Espinho
disso nutrido, reconhecerás tua força telúrica e ancestral
de atravessarás sem temer a canção:
a Vida não te guarda segredos
tu que dela te segredas
*
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Página publicada em março de 2022
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